ATIVIDADES PROPOSTAS
Texto:
Harry Potter e a pedra filosofal
( texto adaptado)
Harry Potter cresceu na casa de seus tios, os Dursley. Eles têm um filho, Duda, a quem mimam, enquanto tratam Harry como escravo.
Ao completar onze anos, Harry descobriu a verdade sobre seus pais: eles eram bruxos e não morreram num acidente de carro como ele pensava. O casal Potter havia sido assassinado por um feiticeiro conhecido como Lord Voldemort, que, entretanto, não conseguiu matar o bebê Harry Potter, mas uma cicatriz em forma de raio na testa de Harry teve origem nesse evento.
Nesta mesma ocasião, Harry recebeu também a notícia de que foi aceito na escola Hogwarts de magia e feitiçaria. Então Harry tomou o trem que o levou a Hogwarts e na viagem conheceu Ronald Weasley, Rony, um menino ruivo filho de bruxos e Hermione Granger, uma jovem de origem trouxa (não-bruxa), com altas aspirações acadêmicas.
O grupo se torna amigo e depois de algum tempo em Hogwarts se envolvem numa série de episódios relacionados a um objeto escondido nas profundezas do edifício de Hogwarts: a pedra filosofal, um objeto com poder de transmutar metais em ouro e produzir o elixir da vida eterna. Diferentes fatos os levam a supor que o professor Severus Snape desejava se apoderar da pedra e entrega-la a Voldemort, com quem o docente estaria confabulado.
Depois de confirmar que o espírito de Voldemort rondava o castelo e que a pedra estava em perigo, Harry, Rony e Hermione alertam os professores, mas estes descartam essa possibilidade, já que o objeto se encontra protegido por diversas armadilhas em uma câmara subterrânea.
Os três jovens, então, atravessam a porta/armadilha e são submetidos a diferentes provas, até chegar ao local onde a pedra estava. Harry descobre que o professor Quirinus Quirrel era quem tentava rouba-la desde o começo, posto que Voldemort, que permanecia como um parasita na nuca do professor, o havia ordenado. Harry consegue pegar a pedra e Quirrel tenta mata-lo, mas não resiste ao contato com Harry e morre quando Voldemort abandona seu corpo.
Depois de uma conversa esclarecedora com o diretor da escola, Alvo Dumbledore, Harry reencontra seus amigo, que ficaram felizes ao vê-lo bem e tristes , pois chegara a hora de partir, já que o ano letivo havia terminado. Harry volta para a casa de seus tios.
Questões:
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A narração consiste no relato de fatos reais ou imaginários. Esse texto relata que tipo de fato? Que elementos textuais podem comprovar sua resposta?
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Um dos elementos centrais na construção de um texto narrativo é a sequência temporal . Que palavras e/ou expressões contidas no texto indicam ao leitor essa sequência.
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Para escrever um bom texto é necessário ter cuidado com a escolha das palavras e o seu sequenciamento a fim de garantir que o leitor compreenda aquilo que queremos dizer. Nos textos narrativos há uma relação constante entre o sujeito e as ações por ele praticadas e/ ou estados em que se encontram.
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Explique por que motivo essa relação é relevante nesse tipo de construção textual:
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Qual a relação entre o professor Quirinus Quirrel e Valdemort?
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Que elementos textuais, escolhidos pelo autor, permitiram que você ( leitor) respondesse à pergunta anterior?
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Observe a relação entre o sujeito e o verbo que o acompanha no seguinte trecho transcrito do texto:
"Harry Potter cresceu na casa de seus tios, os Dursley. Eles têm um filho, Duda, a quem mimam, enquanto tratam Harry como escravo."
Agora responda:
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A quem se refere os verbos:
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cresceu -
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têm-
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mimam-
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tratam-
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A que pessoa do discurso pertencem os verbos acima citados?
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Os verbos estão flexionados adequadamente? Explique:
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"O grupo se torna amigo e depois de algum tempo em Hogwarts se envolvem numa série de episódios relacionados a um objeto escondido nas profundezas do edifício de Hogwarts: a pedra filosofal, um objeto com poder de transmutar metais em ouro e produzir o elixir da vida eterna."
Repare que neste trecho, retirado do quarto parágrafo, os verbos " tornar" e "envolver" estão flexionados em pessoas diferentes : terceira pessoa do singular e terceira pessoa do plural, respectivamente. Entretanto, referem-se ao mesmo sujeito " O grupo". Você acha que houve erro em uma das flexões verbais? Por quê?
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Ainda analisando o quarto parágrafo do texto, observe as relações entre palavras em negrito:
O grupo se torna amigo e depois de algum tempo em Hogwarts se envolvem numa série de episódios relacionados a um objeto escondido nas profundezas do edifício de Hogwarts: a pedra filosofal, um objeto com poder de transmutar metais em ouro e produzir o elixir da vida eterna. Diferentes fatos os levam a supor que o professor Severus Snape desejava se apoderar da pedra e entrega-la a Voldemort, com quem o docente estaria confabulado.
Agora responda:
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Em " episódios relacionados" e "objeto escondido" a que classes gramaticais essas palavras pertencem, respectivamente? Que relação morfossintática elas mantêm entre si?
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Em "episódios relacionados" as duas palavras estão no plural , assim como em " objeto escondido" as duas palavras estão no singular. Por que motivo isso acontece?
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Qual o sujeito do verbo levar em " Diferentes fatos os levam..." ? O verbo está flexionado na mesma pessoa pronominal a que o sujeito pertence?
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Tanto em "o professor Severus Snape desejava" quanto em "o docente estaria", podemos substituir os sujeitos pelo pronome ele. Se nos referíssemos a mais de um professor, naturalmente usaríamos o pronome eles. Nesse caso, a flexão verbal sofreria alteração?
Variações linguísticas e concordância de número na oralidade e na escrita
Atividades
As relações semânticas sinalizadas pelos conectores como recurso linguístico em textos argumentativos
ATIVIDADE PROPOSTA
· Após ouvir o Rap " Racismo é burrice", de Gabriel - o pensador , através de uma conversa informal com os alunos, leva-los a refletir sobre as seguintes questões:
· O tema central do texto;
· A força argumentativa que há nesse gênero textual/musical;
· Os argumentos utilizados pelo autor para expor sua opinião e persuadir seu leitor/ouvinte;
· A semelhanças ( apesar da forma e suportes diferentes) entre o rap e o artigo de opinião;
· A escolha lexical, em relação aos conectivos utilizados para manter a coesão textual e estabelecer relações de sentido.
Após realizar a análise oral do rap de Gabriel - o Pensador, propor a leitura e reflexão escrita do artigo de um opinião sobre o mesmo tema:
Racismo em tempos modernos
por Leonardo Dallacqua de Carvalho
Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem acredita na inexistência de preconceito de cor. Atualmente, as redes sociais são, por excelência, uma amostragem da presença dessa crença muito debatida no século anterior.
Dentro da lenda da democracia racial, seus adeptos, consciente ou inconscientemente, reclamam que a ausência de preconceito é justificada pela atmosfera pacífica da convivência social, sem guerras civis, onde quem diz ter um "amigo negro" é absolvido automaticamente após qualquer piada racista ou comentário degradante. E assim foi argumentada por homens como Florestan Fernandes, décadas atrás, ao responder a muitas das questões postas hoje, mas que aparentemente são ignoradas pelos paladinos da negação do racismo sob os interesses dos mais obscuros.
No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver. Basta uma notícia de constatação de preconceito racial, que uma burricada surge para reafirmar que o racismo é uma ilusão confeccionada por elementos X ou Y. Isso, é claro, quando não sentenciam os próprios negros por sofrerem racismo. É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio. Mas há quem faça.
Essa parcela da população foi adestrada, em partes, por subprodutos do pop virtual que flertam com posições racistas e fascistas. São guiados por jovens eleitos por vídeos do YouTube e seu arsenal de chavões e senso comum que deságua na opinião de um coletivo defensor da autoridade desse discurso. Sem muita afinidade com bibliografias e o mundo acadêmico, tornam-se inteligíveis para aqueles que necessitam de textos prontos para ruminar em suas páginas pessoais na pura ânsia de mascarar seus verdadeiros preconceitos.
São os mesmos que tentam buscar em Zumbi ou na Diáspora Africana, fruto do emparelhamento da mão de obra escravizada no Brasil durante séculos, a justificativa tacanha de que "negros negociavam escravizados". Sendo assim, tudo bem, obrigado, voltamos para o zero a zero moral. Desconhecem a história, suas ferramentas de análise e as condições de cada contexto.
Em suas mastodônticas moralidades, acham que cotas raciais, por exemplo, legitimam o preconceito. Ignoram a estrutura das relações do pós-Abolição, que fortificou uma sociedade desigual não apenas socioeconômica, mas pela cor, como subterfúgio da manutenção das divisões sociais. Divisões que sobrevivem. Como pouco entendem do passado, pensam que as ações no país devem se resumir à sua existência. Além da ignorância dos processos históricos, há também o egoísmo latente.
Não tão raros, existem indivíduos que atribuem o direito a uma sociedade racial igualitária a partidarismos. Na alto do analfabetismo político, conferem a movimentos de esquerda o tema do racismo como pauta da ordem do dia. Como se a igualdade social pertencesse a grupos, e não ao todo.
Por fim, no submundo da "vergonha alheia" estão os que dizem sofrer "racismo inverso". Que o peso da seleção natural recaia sobre esses sujeitos. Basta um negro chegar ao "lugar do branco", que ele se transforma em um bicho exótico no zoológico do preconceito. Pinçam esse indivíduo do anonimato para justificar a inexistência de preconceito e desigualdade. Em uma sociedade em que, segundo o IBGE (2014), mais de 53% se declaram negros ou pardos, as tentativas de destacar as exceções confirmam o grau de disparidade. Enquanto o acesso profissional e universitário não representar o cotidiano, qualquer discurso de meritocracia é vazio.Enquanto continuarem a buscar nas exceções o argumento a favor da democracia racial, prova-se que a sociedade é ainda mais desigual do que se imagina. Não tão distante, ainda sobrevive a frase de George Bernard Shaw: "Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade moral e biológica do negro pelo fato de ele ser engraxate".
Leonardo Dallacqua de Carvalho é historiador e pesquisador
Disponível em: https://oglobo.globo.com/opiniao/racismo-em-tempos-modernos-18605034#ixzz4qdqbCnFD
Questões:
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Qual a relação entre o título e o assunto do texto?
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Por ser um texto argumentativo, o autor expõe sua tese e apresenta argumentos para defendê-la. Qual é a tese defendida e que argumentos o autor utilizou para fundamentar sua opinião?
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No último parágrafo, o autor retoma a tese inicial. Explique:
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O artigo de opinião tem um caráter opinativo, ou seja, expressa a visão pessoal do autor. Retire do texto os recursos linguísticos utilizados com essa finalidade:
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Ainda em relação às palavras e expressões escolhidas pelo autor para argumentar sobre sua opinião, observe os trechos abaixo, retirados do texto e responda :
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"No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver."
Que relação de sentido é estabelecida entre os conectivos "se" e " agora", grifados no trecho?
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"São os mesmos que tentam buscar em Zumbi ou na Diáspora Africana, fruto do emparelhamento da mão de obra escravizada no Brasil durante séculos, a justificativa tacanha de que "negros negociavam escravizados". Sendo assim, tudo bem, obrigado, voltamos para o zero a zero moral. Desconhecem a história, suas ferramentas de análise e as condições de cada contexto."
Se a expressão grifada for substituída por "No entanto" a relação de sentido será mantida? Justifique:
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"Não tão raros, existem indivíduos que atribuem o direito a uma sociedade racial igualitária a partidarismos. Na alto do analfabetismo político, conferem a movimentos de esquerda o tema do racismo como pauta da ordem do dia." Comose a igualdade social pertencesse a grupos, e não ao todo."
"No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver."
Compare o sentido estabelecido pelo conectivo "e" nos dois trechos acima e responda: o "e" estabelece a mesma relação de sentido nos dois segmentos? Justifique:
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Vimos que além de manter o fluxo textual, ou seja, promover a sequencialização de diferentes porções do texto ( elemento coesivo), os conectores também estabelecem relação de sentido. No último parágrafo de um artigo de opinião o autor elabora sua conclusão de forma que sua tese seja confirmada. A expressão " Por fim" foi escolhida pelo autor para iniciar o parágrafo de conclusão do seu artigo. Que outros conectores poderiam ser usados para iniciar esse parágrafo estabelecendo a mesma relação de sentido?
Por fim, no submundo da "vergonha alheia" estão os que dizem sofrer "racismo inverso". Que o peso da seleção natural recaia sobre esses sujeitos. Basta um negro chegar ao "lugar do branco", que ele se transforma em um bicho exótico no zoológico do preconceito.
Obs. Após as atividades propostas usaremos a gramática como fonte de pesquisa para aprofundarmos os conceitos trabalhados.
Outra proposta
Assistir ao vídeo : Ler devia ser proibido, seguido de leitura do texto que deu origem ao vídeo e propor uma pequena discussão sobre o tema e os recursos linguísticos utilizados na construção do texto base e sua readaptação para a linguagem publicitária.
https://www.youtube.com/watch?v=iRDoRN8wJ_w
http://www.vermelho.org.br/noticia/208626-10
Proposta de produção textual


Atividade 1
Dinâmica: Adivinhe quem
Os nomes dos alunos e da professora escritos num pedaço de papel ficarão dentro de uma caixa.
A turma será dividida em dois grupos .Um componente do primeiro grupo irá sortear um nome e deverá descrever a pessoa sorteada física e psicologicamente, sem citar seu nome, para que seu grupo tente acertar quem é.
Ganha quem obtiver mais acertos.
* Painel de fotos - Tema : amizade
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Cada grupo escolherá uma cena e a descreverá oralmente ( descrição objetiva).
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Em seguida será colocada para tocar a música: Viva la vida - David Garrett
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Cada componente do grupo deverá descrever a imagem de acordo com as emoções sentidas na música em combinação com a imagem escolhida ( descrição subjetiva).
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Após a realização dos textos ( orais e escritos) leva-los a observar os aspectos linguísticos contidos nos dois tipos de descrição realizados, com ênfase na adjetivação.
Atividade 2
Texto para ser trabalhado coletivamente
Viagem ao centro da Terra
De início, não enxerguei nada. Havia muito tempo sem verem a luz, meus olhos imediatamente se fecharam. Quando consegui ver de novo, fiquei mais assustado que admirado: - O mar! - É - respondeu meu tio -, o mar Lidenbrock, e espero que nenhum navegador vá me contestar a honra de tê-lo descoberto e o direito de batizá-lo com meu nome! Um enorme lençol de água, o começo de um lago ou de um oceano, estendia-se até onde minha vista não podia alcançar. As ondas vinham bater numa praia bastante recortada, formada por uma areia fina e dourada, salpicada por aquelas conchinhas que abrigaram os primeiros seres da criação. As ondas quebravam com aquele barulho característico dos ambientes muito amplos e fechados. Uma espuma leve era soprada por um vento moderado, e uma garoa me batia no rosto. A cerca de duzentos metros das ondas, naquela praia ligeiramente inclinada, estavam as escarpas de rochedos enormes, que se elevavam a uma altura incalculável. Alguns deles, cortando a praia com sua aresta aguda, formavam cabos e promontórios desgastados pelos dentes da arrebentação. Mesmo ao longe, seus contornos podiam ser vistos em contraste com o fundo nebuloso do horizonte. Era realmente um oceano, com o contorno irregular das praias terrestres, mas deserto, com um aspecto selvagem assustador. Se minha vista podia passear ao longe naquele mar, era porque uma luz "peculiar" iluminava seus menores detalhes. Não a luz do Sol, com seus fachos brilhantes e sua irradiação plena, nem a da Lua, com seu brilho pálido e impreciso, que é apenas um reflexo sem calor. Não, aquela fonte de luz tinha uma propagação trêmula, uma claridade branca e seca, uma temperatura pouco elevada e um brilho de fato maior que o da Lua, evidenciando uma origem elétrica. Era como uma aurora boreal, um fenômeno cósmico permanente numa caverna capaz de conter um oceano.
( Júlio Verne)
Após a leitura do texto , levar os alunos à refletir sobre a construção do texto narrativo com foco na descrição e a importância da adjetivação na construção desse tipo de texto.
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Questões para debater com a turma:
"Aprender a olhar é essencial para a descrição, por isso se costuma associar a descrição à fotografia."
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No texto lido, o narrador nos conduz a imaginar o lugar que ele descreve. Que palavras e /ou expressões do texto lido nos permite ter essa sensação de estar vendo o local descrito a través da "lente do personagem-narrador"?
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O local descrito pelo personagem é um lugar comum ( que faz parte do nosso cotidiano)? Que características descritas podem justificar sua resposta?
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No penúltimo parágrafo o narrador afirma " Era realmente um oceano, com contorno irregular das praias terrestres..." Que palavras ele utiliza no parágrafo anterior que comprovam sua afirmativa?
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As palavras que você observou, foram escolhidas para descrever o local descoberto pelo personagem. De que maneira essas palavras conseguem nos fazer construir a imagem de um oceano?
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Nesse modo de organização textual (descrição), os seres são nomeados e caracterizados. Das palavras observadas no texto, liste as que exercem a função de nomear e as que exercem a função de caracterizar.
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Como são classificadas as palavras que têm a função de nomear? E as que exercem a função de caracterizar?
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Se retirássemos do texto as palavras que têm a função caracterizadora e mantivéssemos somente as palavras que nomeiam o ser descrito, o efeito seria o mesmo? Por quê
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Texto para ser trabalhado individualmente:
Amarelinho
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Ele caminhava chutando terra. Gostava de chutar a terra vermelha igual a sangue, quente por causa do sol, seca, meio estorricada. O caminho para a cidade era longo, ele morava no último barraco, perto da cerca de arame farpado. Casa? Não era nem! Uns paus fincados de qualquer jeito, paredes de lata de óleo abertas, pedaços de papelão; tinha muitos daqueles barracos por ali, na favela. Dentro um quadrado de chão batido. Ali viviam a mãe dele e mais cinco irmãos. Ele era o segundo de cima para baixo.
Magro, miúdo e desconjuntado, joelhos que pareciam bolas de tênis, loirinho anêmico de olhos azuis descorados - parecia nem ter sangue. Por isso tinha o apelido de Amarelinho.
Oito anos. Onde tinha nascido? Não sabia. Nem pensava nessas coisas. Para ele, cada dia era um novo dia, a mãe sempre gritalhona, batendo nos menorzinhos; existia o irmão mais velho que não queria trabalhar; a irmã estava empregada e morava na cidade. Os menores saíam assim que amanhecia e comiam onde encontravam comida. Era sempre assim.
O Amarelinho gostava de viver ali. Não tinha quem o obrigasse a fazer coisas. Ia onde quisesse, estava sempre na cidade, rondava os bares (principalmente na hora da fome), parava, ficava olhando comprido, respirava fundo o cheiro de fritura até que o dono ficasse com dó e lhe desse algo para comer. A vida era desse jeito: café aqui, pão ali, um xingamento mais adiante. Quando sentia sede, era só encontrar uma torneira - quase sempre a do jardim público. Abria, enchia a boca, o jato molhava os pés, às vezes tomava um banho. Era gostoso, principalmente no calor. Quando o jardineiro via, levantava os braços, vinha correndo e esbravejando. Amarelinho caía na risada, fugia deixando a torneira aberta, o jorro prateado cavoucando a terra, lavando os pés do jardineiro...Amarelinho ria de longe, mostrando os dentes enviesados e sujos...
À medida que caminhava, a favela ia ficando para trás. Uma quadra pela frente começava o asfalto, a cidade. Dali para diante, as casas eram de tijolos, telhas, tinham jardim, flores, e as pessoas vestiam roupa limpa - um outro mundo.
Avistou os amigos sentados ao pé do cruzeiro: Pé de Chumbo, Nanico e pavio. Pé de Chumbo era um mulato gordo, briguento, que tinha um canivete de aço. Roubado, lógico! Era ele o líder do grupo. Por causa do canivete. Depois, tinha o Nanico: bixinho, forte, moreno de cabelo comprido e ensebado. O Pavio era preto de nariz achatado, o mais alto do bando. O Pavio parecia um corisco, era o mais veloz na corrida. O Nanico? Apesar de pequeno era esperto como o diabo. Ele sempre arrombava as fechaduras ou, tirando os pinos das dobradiças, abria as portas. Contava que, uma vez, tinha feito uma bomba. Podia ser verdade, o Nanico tinha uma cuca ótima, consertava até rádio. Como aquele que tinha roubado de um fusquinha.
O Amarelinho não possuía a habilidade deles. E, se continuava no bando, era porque, sendo pequeno, passava pelos vãos dos vitrôs. Assim, quando queriam roubar alguma casa, era o Amarelinho quem entrava primeiro, abria a porta por dentro, e o grupo fazia o serviço. Muito mais fácil que tirar pinos de dobradiças ou arrombar fechaduras.
Mas o Amarelinho não gostava de ser apenas o passador de buraco de vitro! Ele queria ser mais importante!
(JOSÉ, Ganymedes. Amarelinho. Moderna, 1983.p.7-8.) -
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Após a leitura do fragmento do conto "Amarelinho" de José Ganymedes, observe as seguintes questões e responda:
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Qual a relação entre o título e o personagem principal do conto?
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O texto narra a história de um menino. Quem é esse menino na sociedade em que vivemos? Que palavras e expressões do texto nos faz reconhecer a posição de Amarelinho socialmente?
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No primeiro parágrafo o narrador descreve o ambiente onde Amarelinho mora - a favela e no quarto, descreve a cidade. Releia o primeiro e o quarto parágrafos e comente por que motivo o narrador termina o quarto parágrafo com a expressão " um outro mundo."
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Como já havíamos conversado anteriormente, podemos descrever um personagem não apenas fisicamente, dando suas características exteriores (descrição física), mas também através de suas ações, suas opiniões, seu caráter, seus gostos, seus sentimentos e emoções, seu modo de ser ( caracterização psicológica).
Nos trechos A e B , transcritos do conto, sublinhe os elementos textuais que nos permite identificar os traços físicos e circule os que nos levam a reconhecer os características psicológicas.
Em seguida, responda: Em que trecho o autor faz uma descrição psicológica e em que trecho sua descrição é física?
· "Magro, miúdo e desconjuntado, joelhos que pareciam bolas de tênis, loirinho anêmico de olhos azuis descorados - parecia nem ter sangue. Por isso tinha o apelido de Amarelinho."
· "O Nanico? Apesar de pequeno era esperto como o diabo. Ele sempre arrombava as fechaduras ou, tirando os pinos das dobradiças, abria as portas. Contava que, uma vez, tinha feito uma bomba. Podia ser verdade, o Nanico tinha uma cuca ótima, consertava até rádio. Como aquele que tinha roubado de um fusquinha."
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Liste as palavras e expressões que, ao ler o texto, nos permitem formar um "retrato mental" de cada um dos personagens abaixo:
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Amarelinho-
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Pé de chumbo -
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Nanico -
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Pavio -
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Por que essas palavras e expressões nos ajudam a construir essas imagens? Em relação à classificação das palavras, a que classe essas palavras e expressões pertencem?
A adjetivação em textos narrativos descritivos

Proposta de produção textual
Proposta de produção textual


Gramática descontextualizada X gramática contextualizada
Na primeira,não está em jogo como podem ser usados os substantivos em um determinado gênero textual.Os famosos " retire do texto", "classifique", " circule as palavras"... nada tem a contribuir para o alcance da competência textual. Que concepção de linguagem, de construção de texto e de negociação de sentido essa atividade proporciona?
Agora veja como a segunda proposta, ao contrário da primeira, contribui de forma eficaz para o uso reflexivo dos substantivos no texto, para a construção de sentido e aquisição de mecanismos textuais.
#TwitternaSaladeAula #Atividades

1. Dividir a turma em grupos, pedir que pesquisem um assunto da atualidade (utilizando # seguido da palavra chave como, por exemplo #preconceito) e recolham o que está sendo dito sobre o assunto . Após leitura dos tweets selecionados,criar um debate sobre o tema para trabalhar argumentação.
2. Proposta de retextualização: Os tweets são recheados de ironia, crítica e humor. Isso também acontece nas charges. Que tal fazer um link entre esses dois gêneros textuais com uma proposta em que os alunos transformem uma charge em tweets ou memes?
3. Criar um fórum de debate no Twitter, utilizando o sitehttp://twtpoll.com/ para motivar a formação de opiniões e discussão sobre um determinado assunto.
4. Criar perfis de autores da literatura brasileira, de acordo com a escola literária estudada, a fim de trocarem ideias sobre o contexto social da época, suas histórias e personagens, elaborando replys e RTs.
5.Tweets que contam história: A partir de um livro, como por exemplo, “As vantagens de ser invisível” que é contado a partir de cartas, proponha que a história seja recontada a partir de tweets. ( Utilizando uma hashtag preestabelecida, cada grupo deverá ficar responsável por um capítulo ).
6. Após leitura do texto “Circuito fechado”, de Ricardo Ramos. Pedir que os alunos criem textos sobre o seu cotidiano, utilizando o mesmo recurso que o autor utilizou ( o uso intenso de substantivos), utilizando apenas os 280 caracteres do Twitter.
7. Que tal promover incentivo à leitura no Twitter? Cada aluno deverá escolher um livro para ler. Após a leitura, irá tweetar uma resenha literária sobre o livro lido. Se alguém da turma já tiver lido o mesmo livro ou se tiver interesse em lê-lo deverá dar reply ou RT.